AQUELA FIGURINHA DO ABRAÇO

Patto e Bruna costumavam terminar o domingo num pubzinho na Cidade Baixa tomando uma cervejinha, conversando banalidades, reclamando da semana por vir, faculdade, trabalho... Amigos há tanto tempo sempre tinham coisas pra se falar.

Já se sentiam “locais” no pub. Eram cumprimentados pelo proprietário com aquela simpatia de quem não quer perder o cliente e quer se mostrar íntimo sem nem sequer saber o nome deles. Era sempre o mesmo garçom que os atendia, aliás, poderia até ser o único garçom do estabelecimento, Já sabia a marca da cerveja que Patto e Bruna pediriam, sabia que Bruna gosta de cerveja sem colarinho, que Patto, depois da segunda cerveja pediria um petisco pra acompanhar, estas coisas que só um garçom amigo sabe do seu cliente. E o “chefiaamigãotiobrothercamarada” era muito solícito. Muito. Tanto que na última vez em que estiveram no pub, depois de pedir uma cerveja, o garçonzinho pergunta diretamente para Patto:

- Quer mais alguma coisa?

Automaticamente, sem pensar nas conseqüências, com toda a sua simpatia, Patto abre seus braços em toda sua envergadura e responde:

- Um abraço!

E sem se fazer de rogado, o garçom dá aquele abraço no meu amigo e atrai vários olhares do bar. É claro que Patto retribui o abraço mas, com exceção de Bruna, nenhum dos presentes entendeu alguma coisa!

No domingo seguinte, Patto e Bruna não apareceram naquele pub, apenas porque descobriram outros lugares mais interessantes mas, certamente, o garçom amigo sentiu falta deles.

Assim se passaram muitos meses. Resolveram sair com a turma, ao invés da Cidade Baixa, Moinhos de Vento, Calçadinha da Fama. Precisavam mostrar a cidade prum cara que veio de Curitiba. Entra em bar, sai de bar, quando alguém teve a ideia de tomar uma Sangria num bar chamado Donatella, Domitilla ou Dorotea. Bar simpático, simpático até demais... a medida que as pessoas entravam alguém recepcionava jogando pétalas de rosas sobre elas, este alguém era o próprio dono do bar. No mínimo... frescura! Era um bar extremamente gay, não que as pessoas que freqüentassem fossem gays, mas o bar era, o proprietário era gay, a caixa era gay e os garçons eram gays. Aparentemente...

Sentados à mesa, um garçom se aproxima para atender aquele grupo tão barulhento. Mas quando enxerga Patto simplesmente perde os critérios!

- Mas é o meu amigo do abraço!

Entre as seis pessoas que estavam naquela mesa, os únicos que entenderam o que estava se passando eram Patto e Bruna, e o próprio garçom.

Eles tentaram nos explicar mas estávamos rindo tanto que acho que foi melhor deixar pra lá e naquela noite fomos muito bem tratados. Patto bem mais que os outros, mas enfim... acho que depois desta, meu amigo não ficou muito adepto do “free hugs”. Quero dizer, abraços grátis, sim! Mas só entre os amigos.