quarta-feira, 27 de outubro de 2010

AQUELA FIGURINHA QUE ENCONTROU UM PROFESSOR


É uma situação muito complicada quando tu esquece o nome de uma pessoa e ela não esquece o teu, ou quando alguém te conhece muito bem, sabe detalhes de tua vida e tu não tem a mínima idéia de quem seja, ou pior, quando tu confunde Fulano com Cicrano e ainda por cima...

Vejamos.

Estava no Shopping Center Iguatemi com minha grande amiga Denise, certamente matando hora, pra sessão do cinema ou dentista,  fazendo um lanche na Praça de Alimentação quando, da mesa em que estávamos ela avista uma pessoa e num rompante, sem qualquer explicação, levanta e vai até um senhor de cabelos grisalhos, acompanhado de uma jovem senhora classuda, bonita, bem vestida... como se tivesse saído de um salão de beleza naquele minuto.

- Professor!

- Oi, minha filha, como vai! – Ele respondeu meio que no susto.

Ela simplesmente ignorou a acompanhante de seu professor e desandou numa conversa que era completamente estranha pra ele. Falou de colegas de aula, de outros professores, de provas e colas...
Eu, tal e qual a senhora, fiquei quieto, mas sentindo que havia alguma coisa errada.

- E a tua esposa? – Denise perguntou sem se dar conta de que esta poderia ser a primeira gafe e o aviso pra se despedir e sair dali o mais rápido possível.
- Esta é minha esposa! – Apontou pra mulher a sua frente com um tanto de orgulho aparente.

Mas ela não estava convencida. Tanto que se sentou. E quando ela se sentou, minhas pernas tremeram, pois conhecendo Denise do jeito que eu conheço, sei que ela abriria sua “torneirinha de asneiras” e nada faria ela parar. Começou quando segurou a mão dele com a suas duas mãos e com toda a “compreensão” do mundo, olhou nos olhos do coitado e disse:

- Me conta! Tu te separou?

Quando Denise fez isso, eu olhei pra cara da esposa do professor que me olhava como quem dissesse “De onde saiu esta maluca? Tira ela daqui fazendo favor...”
Ele explicou, que ele nunca se separou e que aquela sempre foi sua esposa.
Neste momento ela deveria se dar conta que aquela foi sua segunda gafe. E se a outra fosse uma amante? Ou se esta fosse a amante?

- Mas  tu foi no meu sítio! Com a tua esposa... Levou teus filhos! E ainda assou o churrasco... Tenho fotos! Minha mãe te adorou... te deu um quadro que ela mesmo pintou... Tu não lembra?

A esposa presente só falava entre dentes. “Preciso ver estas fotos. Quero conhecer os teus filhos. Me leva neste sitio também. Qual dos quadros, o da sala ou do corredor?”
Quando o vermelhão subiu ao rosto do professor eu até fiquei em dúvida. Vergonha, raiva ou alergia ao molho especial do Big Mac? Num ato corajoso, com apenas uma pergunta ele silenciou Denise, que não parava de falar um só minuto.

- Mas onde tu fostes minha aluna? Na UFRGS ou na PUC?

Alguma coisa aconteceu no cérebro de Denise, que começou a processar como um PC 486, e só então percebeu a tremenda confusão que havia feito e quase sem voz respondeu...

- Na PUC...

- Ah, então tu foi uma das minhas primeiras alunas, em que ano foi?

Ela não deixou o professor falar, levantou, se despediu como um furacão, me pegou pela mão e me arrastou pelo shopping pro lado oposto à Praça de Alimentação.
Ela simplesmente trocou de professor, confundiu matérias, confundiu a faculdade com o colégio de freiras, e deve ter acabado com um casamento, tudo isso em dez minutos.

E quando perguntei porque ela não pediu desculpas e disse que havia se enganado, ela me respondeu.

- Quem? Eu? E pagar mico?

Eu tive um acesso de riso que precisei sentar num dos bancos da Praça do Relógio quando lembrava da cara da mulher do professor, da Denise despejando suas gafes aos borbotões e do vermelhão da cara do professor.

Este é o jeito Denise de ser. Fala sem pensar, pensa sem falar e sempre tem alguma história pra contar pra te prender a atenção. Um dia ela mesmo vai te contar esta história, com seus gestos largos, seu sorriso franco e o Nescafé frio... ninguém é perfeito...

3 comentários:

  1. Nossa Fe. essa ela me ganhou. Pensei que fosse só eu que dava mancada assim. KKKKKKKK
    beijos

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  2. A protagonista

    Nem eu conto tão bem essa história. O pior é que é pura verdade.
    Um beijão da
    Denise

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  3. Hahahaha... escutei muito esta história e não adianta, ninguém conta como o Fefê.

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