sábado, 13 de novembro de 2010

AQUELA FIGURINHA DA PERERECA

Uma das casas em que morei em Porto Belo era enorme. Tinha quatro quartos, uma sala grande, cozinha e uma garagem que era toda a extensão da casa e cabia bem uns três carros. Tudo a cinqüenta metros do mar e no pé de um morro e na avenida principal da cidade. E eu morei ali sozinho.
Parece o paraíso, né? Seria se não fosse uma casa velha e caindo aos pedaços, de madeira, com goteiras e sem nenhum móvel... Mas era o que eu tinha... mesmo porque eu ia só pra dormir. Tinha um ótimo colchão de casal, ganhei um fogão vermelho de 4 bocas, uma caixa de isopor que fazia as vezes de geladeira e tudo o que não tinha mais serventia pra vizinhança e que não queriam mais, tipo: mesa, cadeiras, armários, me davam de presente. Quando me dei conta estava com uma casa montada.
Quando alguns amigos me ligaram de Porto Alegre perguntando se tinha lugar pra ficarem eu dizia que a casa era bem grande mas que deveriam levar colchonetes e roupas de cama que o resto a gente dava um jeito.
Foi um dos verões mais animados, recebi a visita de Danilo, Bonnie e Karen num dia, e Laís e Luciane no outro. Carnaval! Calor...
Esqueci de dizer que por morar no pé de um morro e bem próximo da avenida onde tinha um arroio que levava água da chuva pro mar me trazia visitas de muitos animaizinhos como passarinhos, lagartixinhas, sapinhos e pererequinhas. Não! Eles não entravam em casa, ficavam na área da garagem... nos fundos da casa... Só que eu tinha uma perereca de borracha muito parecida com uma de verdade e meu passatempo era assustar as meninas. Consegui assustar todas uma vez, mas a Laís... Sempre.
Toda vez que eu colocava a perereca de borracha no caminho da Laís ela levava um puta susto! Na pia do banheiro, na pia da cozinha, debaixo dos lençóis dela em qualquer lugar que fosse, pá! Um grito da Laís.
Perdeu a graça. Me distraí com outras coisas e parei de assustar a minha amiga.
Estávamos todos na cozinha jogando ou fazendo alguma coisa em grupo e Laís resolveu lavar a louça, preferiu usar a pia da garagem e ficava ao lado da churrasqueira por ter mais espaço. Lavou o primeiro prato e quando foi depositá-lo no escorredor de louça, quem estava agarradinha nas grades de inox? A perereca! Laís pensou em gritar, mas controlou-se e disse pra si mesma que não me daria o gostinho de ouvi-la gritar outra vez... Enquanto lavava a louça, preparava sua vingança contra mim.
Quando colocou o último talher no secador, Laís resolveu pegar a perereca pra dizer que não tinha mais medo e aparecer na minha frente com ela na mão. Grande erro! Quando ela pegou a perereca, e sentiu aquele corpo mole, lisinho, viscoso...

Foi quando ouvimos dois gritos igualmente assustadores. Um já conhecidíssimo e potencializado pelo medo era o de Laís que estava num canto da garagem com os olhos esbugalhados, o coração querendo saltar pela boca e os cabelos totalmente arrepiados e o outro era da perereca que ao ser tocada pela humana soltou um grito agudo, dolorido, de pavor e pulou pro outro canto da garagem, era uma scinax fuscovarius, uma pererequinha de banheiro, inofensiva, de hábitos noturnos e um pavor enorme de humanos. Desde aquela noite ela não mais apareceu. A perereca e não Laís, minha amiga, porque depois que ela ouviu os primeiros acordes do samba enredo da Mangueira, ela esqueceu perereca, esqueceu medo, esqueceu susto, esqueceu tudo...
Mas eu não esqueci esta história, e precisava passar adiante.
Como eu disse foi um verão muito divertido, mas não fiquei naquela casa tempo suficiente, mas no inverno seria um cenário bem legal para um filme de terror...

5 comentários:

  1. Não sei em que época foi isso, mas já houve tempos d'a gente gritar desesperado por uma perereca, é ou não?!?! ehehehe

    Esse comentário vale? Depois daquela mijada...
    Espero estar me redimindo, pelo menos em parte, mas tb, tu não avisa. Tem que avisar das novidades...

    Aquele abraço!!!

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  2. Baaaaaaaaaah...
    Numa dessas, lembro de ter dormido com uma barata. Dormido não, sufocado. A meliante subiu pelas minhas pernas no pijama e depois de espernear, achei q ela tinha se mandado... Bem, no fim deu no mesmo... ela se mandou desta vida prá sempre, hehehe... Bons e divertidos tempos...

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  3. Karen, que calúnia! Nem tinha baratas e nem moscas naquela casa, as lagartixas comiam todas!
    Heheheehe, eu queria tudo outra vez!

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  4. Sobre pererecas tem grandes histórias,mas gostei foi o comentário do nosso amigo Poti, bem do estilo dele rsrs.
    Eu sou uma das poucas mulheres que amam Sapos/Pererecos,criei diversos dentro de casa, são romanticos rsrsrs

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